Contempla a imensa caravana dos indivíduos que perderam a direção de si mesmos e malbaratam a oportunidade de que dispõem para ser felizes.
Alguns extraviaram-se nos desvios da jornada, optando
pelas veredas desconhecidas das fantasias e do prazer sem o
correspondente contributo da responsabilidade.
Outros renasceram assinalados pela culpa e fixados aos
erros, experimentando os tormentosos conflitos de inferioridade ou de
narcisismo, fugindo das estradas luminosas dos deveres e procurando
esconder-se nos lôbregos antros dos vícios em que chafurdam.
Número incontrolável deles transita hebetado, sem ideal nem interesse pelos valores que dão sentido à existência física.
Com esgares, que lhes substituem os sorrisos do
encantamento perdido, seguem sem rumo para lugar nenhum, solitários ou
em grupos horrendos, onde escondem as mazelas...
Sequer experimentaram os júbilos naturais da existência, porque foram empurrados com violência para o fosso onde derrearam...
As suas expressões faciais traduzem as batalhas internas
que são travadas nas paisagens do medo ou da revolta, das ambições
desarvoradas ou dos desencantos, fazendo-os sucumbir.
A sociedade desatenta e preconceituosa, na sua condição
de órgão humano coletivo, ao invés de buscar arrancá-los da deplorável
situação que se permitiram ficar, evita-os, ignorando-lhes as dores
acerbas.
Sem resistências morais, que advêm das experiências
dignificadoras, eles facilmente desistem das tentativas de soerguimento,
naufragando no paul da indiferença que os amortalha.
Número maior do que se pensa, constrói, embora
inconscientemente, o submundo moral, onde se homiziam, formando as
multidões de caminhantes sem roteiro, que pesam na economia moral do
planeta...
Perseguidos por milicianos cruéis, irresponsáveis que
são, porque também agridem-se como hienas famélicas, são açoitados, de
um para outro lado empurrados e perseguidos...
Detêm-se a observar na claridade do dia, mas
principalmente nas sombras pesadas da noite, esses seres que se
desumanizam e, como fantasmas, espiam com receio ou com mágoa os
transeuntes que lhes parecem ditosos.
Invejam as aparências dos afortunados, conforme pensam, e
porque somente recebem as migalhas que lhes são atiradas com desprezo,
odeiam-nos.
Não fiques insensível ante os numerosos membros da caravana dos tristes e vencidos.
Todos eles são teus irmãos !
Não tiveram a mesma oportunidade que desfrutas,
assinalados pelos delitos transatos de cujas conseqüências não se têm
podido evadir.
Mas, assim mesmo, são teus irmãos necessitados de compaixão, de ensejo,de um lugar ao sol.
Afirmas, em mecanismo de fuga da responsabilidade, que
nada podes fazer, que são muitos e não dispões daquilo que lhes é
indispensável.
]Essa é uma vão justificativa, que deves corrigir quanto antes, já que te luz a ocasião para ajudá-los.
*
Renasceste para construir o mundo melhor.
Desarma-te em relação aos agressores, aos sofredores, aos trânsfugas do dever, e ama-os.
Abre-lhes o coração, irradiando ternura e fraternidade.
Faculta-lhes amizade, ofertando-lhes a face em sorrisos, ao invés da carantonha de reproche ou de mágoa.
Fala-lhes sem preconceito, não os excluindo dos teus relacionamentos, quanto te buscarem.
O mínimo que lhes concedas é de grande significado para a sua carência imensa.
Recorda que o oceano é constituído de gotículas d´agua,
da mesma forma que os areais quase infinitos se formam com pequeninos
grãos de terra...
Se direcionares a tua mente no rumo deles, enviando-lhes
mensagens de compaixão, diminuir-lhes-ás a miséria moral, contribuindo
para o seu soerguimento, pois que sempre há possibilidades de êxito.
Sabes que o processo de evolução ocorre sem grandes saltos, mas passo a passo.
Sê tu quem dê esse primeiro passo na direção daqueles que já não sabem caminhar.
Mentalmente, coloca-te no lugar de algum deles, e pensa
quanto gostarias de receber de quem se encontrasse em melhor situação.
Faze, então, o que anelarias que te fizessem.
A caravana dos espíritos sem rumo não se restringe apenas aos deambulantes carnais, mas também aos desencarnados em aflição.
Não se deram conta de que o fenômeno da morte retirou-os das roupagens carnais.
Ignorando a realidade da vida exuberante, apegam-se aos despojos em desagregação e enlouquecem-se sem entender a ocorrência.
Ajuda-os com a tua oração, com a emissão de ondas mentais de simpatia e de solidariedade.
Algum dia, no passado, estiveste em situação afligente
como a que eles hoje sofrem, e foste recolhido pelas mãos sublimes do
amor, que foram distendidas na tua direção.
A proposta soberana da vida é fazer por outrem tudo quanto se gostaria que lhe fosse oferecido.
Como te encontras no rumo certo, buscando a luz da
Inefável Misericórdia, assinala a tua passagem pela Terra deixando
pegadas, como se fossem pequeninas estrelas fulgindo no solo, para
apontar o caminho àqueles que seguem na retaguarda.
Não te canses de auxiliar, nem te irrites com os esfaimados de pão, de paz e, principalmente, de amor.
*
As alegrias que recolhas junto aos padecentes do caminho fortalecer-te-ão para facultar-te tentames mais audaciosos no futuro.
O mundo atual encontra-se constituído pelas ações que
foram realizadas no passado, abrindo as portas para o futuro enriquecido
de plenitude, quando todos os seres encontrarão e seguirão o rumo de
Jesus.
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