terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Ajuda dos céus.


Quantas vezes você já olhou um casal, passeando de mãos dadas ou abraçado e se perguntou como eles podem se amar, sendo tão diferentes?
Quantas vezes já pensou em como aquela moça tão elegante pode amar aquele homem com ar tão desengonçado?
Ou como aquele homem tão bonito, parecendo um deus da beleza pode amar aquela mulher tão destituída de atrativos?
Toda vez que essas idéias nos atravessam a mente, é que estamos julgando o amor pelo exterior.
Mas, já dizia o escritor de O pequeno príncipe: "O essencial é invisível para os olhos."
A propósito, conta-se que o avô do conhecido compositor alemão Mendelssohn, estava muito longe de ser bonito.
Moses era baixo e tinha uma corcunda grotesca.
Um dia, visitando um comerciante na cidade de Hamburgo, conheceu a sua linda filha. E logo se apaixonou perdidamente por ela.
Entretanto, a moça, ao vê-lo, logo o repeliu. Aquela aparência disforme quase a enojou.
Na hora de partir, Moses se encheu de coragem e subiu as escadas. Dirigiu-se ao quarto da moça para lhe falar.
Desejava ter sua última oportunidade de falar com ela.
A jovem era uma visão de beleza e Moses ficou entristecido porque ela se recusava até mesmo a olhar para ele.
Timidamente, ele lhe dirigiu uma pergunta muito especial:
"Você acredita em casamentos arranjados no céu?"
Com os olhos pregados no chão, ela respondeu: "Acredito!"
"Também acredito." - afirmou Moses - "Sabe, acredito que no céu, quando um menino vai se preparar para nascer, Deus lhe anuncia a menina com quem vai se casar.
Pois quando eu me preparava para nascer, Deus me mostrou minha futura noiva.
Ela era muito bonita e o bom Deus me disse: ‘Sua mulher será bela, contudo terá uma corcova.'
Imediatamente, eu supliquei: ‘Senhor, uma mulher com uma corcova será uma tragédia. Por favor, permita que eu seja encurvado e que ela seja perfeita.'"
Nesse momento, a jovem, emocionada, olhou diretamente nos olhos de Moses Mendelssohn.
Aquela era a mais extraordinária declaração de amor que ela jamais imaginara receber.
Lentamente, estendeu a mão para ele e o acolheu no fundo de seu coração.
Casou-se com ele e foi uma esposa devotada.
O amor verdadeiro tem lentes especiais para ver o outro. Vê, além da aparência física, a essência. E assim, ama o que é real.
A aparência física pode se modificar a qualquer tempo. A beleza exterior pode vir a sofrer muitos acidentes e se modificar, repentinamente.
Quem valoriza o interior do outro é como um hábil especialista em diamantes que olha a pedra bruta e consegue descobrir o brilho da preciosidade.
É como o artista que acaricia o mármore, percebendo a imagem da beleza que ele encerra em sua intimidade.
Este amor atravessa os portões desta vida e se eterniza no tempo, tendo capacidade de acompanhar o outro em muitas experiências reencarnatórias.
Este é o verdadeiro amor.

* * *
No amor, o homem sublima os sentimentos e marcha no rumo da felicidade.
Na perfeita identificação das almas, o amor produz a bênção da felicidade em regime de paz.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Segredo do casco da tartaruga


         
           Logo que aprendeu a ler o menino começou a fazer descobertas.
Um dia, estava folhando um livro e deparou com a palavra réptil.
Procurou no dicionário e surpreendeu-se com o significado: animal que se arrasta.
Pensava, até então, que réptil tinha a ver com rapidez e era justamente o contrário.
Seu pai riu do seu espanto e disse que as tartarugas também eram répteis.
Falou, ainda, com ares de mistério, que havia uma lenda chinesa narrando que Deus havia escrito o segredo da vida no casco de uma tartaruga.
De olhos arregalados o menino imaginava como poderia ter Deus usado o casco da tartaruga como se fosse uma folha de papel.
O pai, encantado com o interesse do filho, salientou que aprender a ler nos livros era apenas o começo da longa jornada do conhecimento.
Disse que, com o passar do tempo, o filho conseguiria ler no rosto de uma pessoa a história de sua vida.
Que bastaria observar os olhos de um amigo para ver se neles brilhava, ou não, felicidade.
Que, um dia, ao tocar nas mãos de um homem do campo, seria capaz de conhecer seus sofrimentos.
O menino não se ateve às novas argumentações do pai. Ele era curioso. Queria mesmo era saber qual seria o segredo da vida.
Por isso, começou a interessar-se pela vida das tartarugas. Pesquisou, leu e aprendeu muito.
Passou a reconhecer as espécies e suas principais características. Sabia onde era possível encontrá-las e que ameaças a maior parte delas sofria.
Quanto mais estudava, mais o menino se convencia de que realmente poderia descobrir a escrita de Deus naquelas criaturas.
Elas tinham carapaças misteriosas, com desenhos estranhíssimos, círculos coloridos, arestas longitudinais.
Algumas até pareciam mais uma pintura. O menino foi crescendo e tornou-se um especialista em tartarugas.
Sabia distinguir uma adolescente de uma adulta e conhecia muito a respeito da desova das espécies marinhas no litoral. Com o passar do tempo, porém, ele descobriu uma coisa muito importante.
Deu-se conta de que, assim como ele procurava o segredo da vida no casco das tartarugas, havia outras pessoas que buscavam a mesma coisa em lugares diferentes.
No pulsar das estrelas.
No canto dos pássaros.
No silêncio dos olhares.
No cheiro dos ventos.
Tudo que o cercava, afinal, podia ser lido.
Lembrou-se das palavras de seu pai. Somente agora as compreendia.
Somente o tempo, como um professor que conduz o aluno pela mão, foi capaz de fazê-lo entender essa lição.
Longos anos separavam o ensinamento da compreensão.Como todas as pessoas, em geral, ele fazia suas descobertas de forma lenta.
Muito lentamente, como as tartarugas. Talvez estivesse aí o segredo.
*   *   *
Se você busca o segredo da vida, não se iluda com receitas e roteiros milagrosos.
Compreender a Divindade e Seus atributos, por vezes, parece estar além da capacidade humana.
Porém, não esqueça que Deus está em toda a parte, animando toda a Sua maravilhosa obra. Está, inclusive, em sua intimidade.
Pense nisso.

O palácio maravilhoso.


Conta-se que certa vez, um rei do Iêmen, chamado Hiamir, chamou um dos seus ministros e disse-lhe: “quero fazer longa viagem à
 Tiapur, uma região longínqua, pobre e triste, árida e sem conforto.
Determino que vá antes de mim, e logo que lá chegar, mande que seja construído um magnífico palácio, com largas varandas de marfins e pátios floridos.
Nesse palácio ficarei hospedado durante uma temporada, com tranqüilidade e conforto.”
O Vizir respondeu humildemente: “escuto e obedeço, ó rei.”
Dias depois o Vizir partiu, em uma caravana com numerosos camelos carregados de ouro.
Ao chegar à cidade o Vizir ficou desolado com o estado de abandono em que se achava o povo.
Encontrou pelas estradas crianças famintas e centenas de infelizes, morrendo de inanição.
Os quadros de miséria e sofrimento que se desenrolavam, a cada passo e a todo instante, torturavam o coração do poderoso ministro.
Ele trouxera mais de trinta mil dinares, que deveriam ser gastos na construção de um grandioso palácio!
Que fez o Vizir?
Levado por um impulso irresistível, em vez de executar a ordem do rei, resolveu gastar o dinheiro que trazia, beneficiando a infeliz população.
Mandou construir abrigos para os desamparados.
Distribuiu mantimentos entre os mais necessitados.
Determinou que todos os enfermos fossem, sem demora, medicados e forneceu pão aos que padeciam fome.
Ao fim de alguns meses, notava-se uma transformação completa da cidade.
Os homens haviam voltado ao trabalho e por toda a parte reinava a alegria.
As crianças brincavam nos pátios e as mulheres cantavam nas portas das tendas.
E do palácio maravilhoso, encomendado pelo rei, nada existia...
Quando o rei Hiamir chegou a Tiapur foi recebido por uma grande manifestação de júbilo da população.
“Sinto-me feliz” – confessou o monarca – “por saber que sou sinceramente estimado pelos meus súditos.
Mas onde está o palácio de Tiapur?” Perguntou.
“Antes de falar do palácio, ó rei, tenho um pedido a lhe fazer.” Disse-lhe o Vizir.
“Segundo as leis, aquele que o desobedecer, praticando um abuso de confiança, deve ser condenado à morte.
Pois, houve, ó rei, um homem de sua confiança que praticou tal delito.
Espera-se que seja determinada a execução do culpado sem demora.” Disse o Vizir serenamente.
“Quem é o acusado?” Questionou o rei.
“O criminoso sou eu.” Disse o Vizir sem hesitar.
E sem ocultar a menor parcela da verdade, o Vizir descreveu a miséria em que se encontrava o povo.
Por fim, confessou que, penalizado diante de tanto sofrimento, em vez de construir o palácio real, resolveu gastar os recursos que lhe foram confiados para mudar a triste sorte da população.
“Não cumpri a ordem recebida, por isso aguardo o castigo de que me fiz merecedor.” Concluiu.
“Levante-se, meu amigo.” Ordenou emocionado o rei. “Vejo que seu trabalho é responsável pela edificação do mais belo dos palácios que já conheci. Vejo as torres cintilantes nas fisionomias alegres das crianças; admiro as largas varandas de marfim no sorriso radiante dos meus súditos; reconheço os pátios floridos no olhar de gratidão das mães felizes. Como é majestoso e belo, ó Vizir, o palácio que a sua bondade fez se erguer nas terras de Tiapur.”
Pense nisso!
Cada um é responsável pela destinação que der à riqueza que lhe for confiada, seja ela representada por recursos materiais ou por aptidões profissionais.
Cada qual, pelo uso de seus próprios talentos, é capaz de alterar o mundo, distribuindo alegrias ou acumulando dores.
Pense nisso.