Conta-se que certa vez, um rei do Iêmen, chamado Hiamir, chamou um dos seus ministros e disse-lhe: “quero fazer longa viagem à Tiapur, uma região longínqua, pobre e triste, árida e sem conforto.
Determino que vá
antes de mim, e logo que lá chegar, mande que seja construído um magnífico
palácio, com largas varandas de marfins e pátios floridos.
Nesse palácio
ficarei hospedado durante uma temporada, com tranqüilidade e conforto.”
O Vizir respondeu humildemente:
“escuto e obedeço, ó rei.”
Dias depois o Vizir
partiu, em uma caravana com numerosos camelos carregados de ouro.
Ao chegar à cidade o
Vizir ficou desolado com o estado de abandono em que se achava o povo.
Encontrou pelas
estradas crianças famintas e centenas de infelizes, morrendo de inanição.
Os quadros de
miséria e sofrimento que se desenrolavam, a cada passo e a todo instante,
torturavam o coração do poderoso ministro.
Ele trouxera mais de
trinta mil dinares, que deveriam ser gastos na construção de um grandioso
palácio!
Que fez o Vizir?
Levado por um
impulso irresistível, em vez de executar a ordem do rei, resolveu gastar o
dinheiro que trazia, beneficiando a infeliz população.
Mandou construir
abrigos para os desamparados.
Distribuiu mantimentos
entre os mais necessitados.
Determinou que todos
os enfermos fossem, sem demora, medicados e forneceu pão aos que padeciam fome.
Ao fim de alguns
meses, notava-se uma transformação completa da cidade.
Os homens haviam
voltado ao trabalho e por toda a parte reinava a alegria.
As crianças
brincavam nos pátios e as mulheres cantavam nas portas das tendas.
E do palácio
maravilhoso, encomendado pelo rei, nada existia...
Quando o rei Hiamir
chegou a Tiapur foi
recebido por uma grande manifestação de júbilo da população.
“Sinto-me feliz” –
confessou o monarca – “por saber que sou sinceramente estimado pelos meus
súditos.
Mas onde está o
palácio de Tiapur?” Perguntou.
“Antes de falar do
palácio, ó rei, tenho um pedido a lhe fazer.” Disse-lhe o Vizir.
“Segundo as leis,
aquele que o desobedecer, praticando um abuso de confiança, deve ser condenado
à morte.
Pois, houve, ó rei,
um homem de sua confiança que praticou tal delito.
Espera-se que seja
determinada a execução do culpado sem demora.” Disse o Vizir serenamente.
“Quem é o acusado?”
Questionou o rei.
“O criminoso sou
eu.” Disse o Vizir sem hesitar.
E sem ocultar a
menor parcela da verdade, o Vizir descreveu a miséria em que se encontrava o
povo.
Por fim, confessou
que, penalizado diante de tanto sofrimento, em vez de construir o palácio real,
resolveu gastar os recursos que lhe foram confiados para mudar a triste sorte
da população.
“Não cumpri a ordem
recebida, por isso aguardo o castigo de que me fiz merecedor.” Concluiu.
“Levante-se, meu
amigo.” Ordenou emocionado o rei. “Vejo que seu trabalho é responsável pela
edificação do mais belo dos palácios que já conheci. Vejo as torres cintilantes
nas fisionomias alegres das crianças; admiro as largas varandas de marfim no
sorriso radiante dos meus súditos; reconheço os pátios floridos no olhar de
gratidão das mães felizes. Como é majestoso e belo, ó Vizir, o palácio que a
sua bondade fez se erguer nas terras de Tiapur.”
Pense nisso!
Cada um é responsável
pela destinação que der à riqueza que lhe for confiada, seja ela representada
por recursos materiais ou por aptidões profissionais.
Cada qual, pelo uso
de seus próprios talentos, é capaz de alterar o mundo, distribuindo alegrias ou
acumulando dores.
Pense nisso.
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