Aconteceu num voo da
British Airways entre Johanesburgo, na África, e Londres, na Inglaterra.
Uma senhora branca, de
uns cinquenta anos, senta-se ao lado de um negro.
Visivelmente
perturbada, ela chama a comissária de bordo.
Qual é o problema? - Pergunta a moça.
Mas, você não está
vendo? - Responde a senhora. Você
me colocou ao lado de um negro. Eu não consigo ficar ao lado de gente desta
classe. Quero que você me dê outro assento.
Por favor,
acalme-se. Quase todos os lugares deste voo estão tomados. Vou ver se há algum
lugar disponível.
A comissária se afasta
e volta alguns minutos depois.
Minha senhora, como
eu suspeitava, não há nenhum lugar vago na classe econômica. Conversei com o
comandante e ele me confirmou que não há mais lugar na classe executiva.
Entretanto, ainda temos um assento na primeira classe.
Antes que a senhora
pudesse fazer qualquer comentário ou esboçar um gesto, a comissária continuou:
É totalmente inédito
o fato de a companhia conceder um assento de primeira classe a alguém da classe
econômica. Contudo, dadas as circunstâncias, o comandante considerou que seria
verdadeiramente vergonhoso alguém ser obrigado a se sentar ao lado de uma
pessoa intratável.
E, dirigindo-se ao
senhor negro que, até aquele momento ficara sempre calado, ouvindo as agressões
da senhora, que parecia tão distinta, a comissária complementou:
Senhor, se for de
sua vontade, faça o favor de apanhar os seus pertences e me acompanhar. Eu o
encaminharei para um assento na primeira classe, que está à sua espera.
E todos os passageiros
ao redor, que acompanhavam a cena, muito chocados, levantaram-se e bateram
palmas.
*
* *
O preconceito é próprio
dos orgulhosos. Expressa, em verdade, a estreiteza de visão da criatura.
Todos os seres humanos
são formados dos mesmos elementos. Têm as mesmas necessidades, como seja de
comer, beber, dormir, amar e sonhar.
Não há, pois, motivo
algum para que alguém se julgue mais importante ou superior a quem quer que
seja.
Qual a importância da
cor da pele? Se apagarmos as luzes de uma sala cheia de pessoas e nos tocarmos
no escuro, saberemos distinguir os brancos dos negros e esses dos amarelos?
Se chegássemos em uma
aldeia indígena, onde os seus componentes jamais tivessem visto um homem
branco, eles nos estranhariam. Reclamariam da palidez da nossa pele e seríamos
ali um elemento muito diferente.
Que se diria se, em um
canteiro de rosas viçosas, abertas, perfumadas, as de cor vermelha, aveludadas,
desprezassem as amarelas? Não acharíamos grande tolice?
Pois o mesmo se aplica
aos seres humanos.
*
* *
A única superioridade
que devemos perseguir, com ardor, é a superioridade moral.
Ela nos conferirá
fraternidade, amor e justiça, afastando de nós todo preconceito, egoísmo e
orgulho, porque nos elevará à condição de verdadeiros filhos de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário