
Para onde vão os amores que partem para a Pátria Espiritual, deixando-nos uma grande saudade n'alma? Será que continuam a olhar por nós? Ou, envolvidos em outras tarefas, esquecerão os amores deixados na Terra? Com certeza, muitos de nós nos questionamos a respeito.
Mas,
Rose, grávida de oito meses, estava, naqueles dias, preparando-se para
receber seu bebê. E não havia espaço, em sua mente para outra coisa. O
bebê, tão aguardado, logo nasceria. Subitamente, contudo, ele deu sinais
de problemas cardíacos. A apreensão dos médicos inquietou ainda mais a
jovem mãe. Disseram-lhe que as possibilidades do seu filhinho viver eram
limitadas.
Durante
as vinte e quatro horas seguintes, médicos e enfermeiras mantiveram
vigília. As condições do feto pioraram e a opção foi induzir o parto.
Rose deu à luz um menino e ficou esperando pelos prognósticos. Observava
as enfermeiras irem e virem, ouvia o som de máquinas, sentia o cheiro
de desinfetante. Por fim, dominada pelo cansaço, ela dormiu.
O
capelão do hospital foi chamado pela equipe médica, tendo em vista a
preocupação com o pequenino que poderia morrer a qualquer momento. O
padre veio e, na sua crença, pensou que o melhor seria a criança ser
encomendada a Deus, a fim de que seu Espírito pudesse ser recebido pelos
anjos, na espiritualidade. E assim o fez.
Enquanto
isso, Rose teve um sonho. Seu tio Patrick, desencarnado há muitos anos,
lhe apareceu. Ela não conseguiu apreender detalhes. Mas o rosto do tio,
sereno, ficou fixado em sua memória. Também a mensagem de esperança:
Não se preocupe. Seu filho ficará bem. Vai dar tudo certo.
Quando
Rose acordou, seu coração estava apaziguado. Uma grande serenidade a
envolvia, pensando na frase alentadora que ouvira de seu tio. Então, ela
viu o padre e ficou aterrorizada. Seu filho teria morrido? O sacerdote
deve ter percebido a sua inquietação, pois falou rápido: "Minha filha,
agarre-se à esperança. Orei por seu filho e até resolvi batizá-lo. Como
não sabia como chamá-lo, eu o chamei de Patrick. Espero que não se
importe".
Quando
ela ia abrir a boca para relatar o sonho com seu tio, um médico
adentrou o quarto e deu a informação de que a situação da criança
estabilizara. Rose suspirou, aliviada. Foi até o berçário e olhou para o
seu bebê, dormindo na incubadora. O pequeno peito subia e descia, no
ritmo do coração. Ela colou seu rosto no vidro e sussurrou: "Patrick,
meu filho, vai dar tudo certo".
A
morte não rompe os vínculos do afeto. E, mais do que imaginamos ou
possamos ter consciência, os seres amados continuam a nos proteger.
Muitos deles se tornam, com aquiescência Divina, zelosos protetores dos
seus amores.
Momento Espírita, com base em história
do livro Pequenos milagres, v. II, de Yitta Halberstam
e Judith Leventhal, ed. Sextante.
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